A evolução da dieta moderna trouxe muitas mudanças para nossa sociedade, tanto em termos de saúde física quanto mental. Estamos mais ocupados do que nunca com horários e atividades, o que não significa necessariamente que estamos conectados uns aos outros e à comida que consumimos. A pressa faz com que os pais alimentem seus filhos (e a si mesmos) com as refeições mais rápidas e geralmente menos nutritivas. Experimentar a mesa de jantar como uma tradição familiar, sendo capaz de trazer de volta refeições saudáveis de nossos ancestrais enquanto olhamos nos olhos uns dos outros, tem uma conversa agradável e estamos presentes no momento, provou ser protetor contra problemas de saúde mental e ligado ao bem-estar dos adolescentes (Harrison, Norris, Obeid, Fu, Weistangel & Sampson, 2015).
O processo de preparar uma refeição, desde o planejamento até a lavagem dos ingredientes ou o tempero da carne, está repleto de oportunidades de ensino. Cada legume cortado em cubos é um ponto de partida para uma conversa sobre como aquele alimento específico irá nutrir nosso corpo. Pesquisas mostram os benefícios de refeições familiares frequentes, como a redução das chances de sobrepeso e o aumento das chances de consumir alimentos saudáveis (Amber J Hammons, Barbara H Fiese, 2011). Como mãe de quatro crianças pequenas, vejo em primeira mão como as crianças estão ansiosas para aprender, e esta é uma oportunidade maravilhosa para ensinar-lhes habilidades e conhecimentos que não esquecerão, criando as memórias mais doces de união, de conversas, olhando uns aos outros com intenção e sem pressa. Mesmo que os pais não saibam sobre o que falar, existem tópicos de conversa disponíveis para compra na hora das refeições, como o Tabletopics, para que possam partir disso.
É importante estabelecer um mínimo de dias por semana para começar, para que as famílias possam sentir os benefícios de compartilhar uma refeição com intenção. A disciplina é importante e deve começar com os pais. Depois de definir um objetivo para sua família, mantenha-o e quanto mais cedo começar, melhor. Cada membro da família pode desempenhar um papel, desde preparar a comida até arrumar a mesa e limpar, pequenos momentos e conversas irão construir conexões com a comida e a família que trarão resultados inestimáveis para seus relacionamentos e saúde.
Crianças e adolescentes que fazem refeições em família têm mais probabilidade de consumir alimentos ricos em nutrientes e menos bebidas açucaradas (Kathryn Walton, Nicholas J. Horton, Sheryl L. Rifas-Shiman et al, 2018). Eles também são menos propensos a ter distúrbios alimentares (Amber J Hammons, Barbara H Fiese, 2011). Eles conseguem prestar atenção ao que e quanto estão comendo, sem distrações de telas, sendo conscientes e mastigando a comida.
Este é um processo, desacelerar em uma sociedade acelerada não é fácil, mas nossos corpos precisam estar em um estado relaxado durante as refeições para que possam realmente "fazer o trabalho" e digerir a comida adequadamente. Mais uma vez, a intenção é fundamental. Tenho colhido os benefícios das refeições em família e tem sido maravilhoso desfrutar de conversas com meus filhos e marido, ser capaz de nomear e reconhecer nossa comida, aprender que há uma razão para cada escolha, cada combinação, e como é um privilégio sentar e comer juntos, estar presente e aproveitar o momento.
Referências Amber J Hammons, Barbara H Fiese. 2011. A frequência de refeições em família está relacionada à saúde nutricional de crianças e adolescentes? Recuperado de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21536618/Kathryn Walton, Nicholas J. Horton, Sheryl L. Rifas-Shiman et al. 2018. Explorando o papel do funcionamento familiar na associação entre a frequência de refeições em família e a ingestão alimentar entre adolescentes e adultos jovens. Recuperado de https://jamanetwork.com/journals/jamanetworkopen/fullarticle/2715616Harrison, Norris, Obeid, Fu, Weistangel & Sampson. 2015. Revisão sistemática dos efeitos da frequência de refeições em família nos resultados psicossociais em jovens. Recuperado de https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4325878/